sexta-feira, 18 de março de 2011

Caro(a) AMIGO(A),

Foram 15.128 votos, o que, mesmo não sendo pouco, não foi suficiente para permitir que ocupássemos uma das setenta cadeiras na ALERJ.
De toda forma, mais de 15 mil pessoas acreditaram e, com o seu voto, demonstraram que defendem as propostas que representei durante esta campanha eleitoral. Afinal de contas, elas eram – e são – fundamentais para a sociedade na essência.
A água como um direito de todos é matéria estampada nos noticiários diariamente, não há como negar. Do mesmo modo, é preciso manter este bem o mais distante possível das mãos que querem dele tirar lucro desmedido, pois é covarde barganhar sobre algo que não pode ser escolhido, recusado, pois ricos e pobres dependem de água potável para sobreviver; ela é item de saúde pública.
A defesa da água como um direito de todos e dever do Estado vai ao encontro da necessidade de que sua gestão seja estatal. Além disso, pensando especialmente sobre o Rio de Janeiro, a CEDAE não foi feita de um dia pro outro, houve muito trabalho e dinheiro de grande parte da população fluminense para transformá-la na grande concessionária que é, o que mostra a deslealdade e a inconsequência de alguém - em seu próprio nome ou em nome de um governo – tripudiar sobre seus funcionários e sobre o povo, que pagou cada centavo por ela, e vendê-la, como se algo que é de todos fosse de ninguém, sem dono.
Outra principal bandeira de campanha está relacionada à necessidade de colocar preconceitos de lado e perceber que todos nós estamos sujeitos ao erro, mas temos o direito ao arrependimento e à retomada da vida reta e honesta. Não se trata de uma visão romântica, pois, além de uma percepção humana, há aqui um posicionamento político claro; basta considerar que quem entrou na cadeia, vai, invariavelmente, sair dela e voltar à sociedade, ao nosso convívio. Como voltará? Isso vai depender de muitos fatores, mas, principalmente, do quanto esse alguém achar que vale a pena se esforçar para não voltar ao erro, e, pensando em adultos, não há melhor corretivo de que o trabalho.
Como se vê, defendi propostas universais, de saúde e segurança públicas, questões que “batem a nossa porta” diariamente, que não dá pra gente fingir que não percebe a importância de ter cada vez mais pessoas dispostas a defendê-las.

Se apenas aqueles que dependem diretamente da CEDAE e três pessoas ligadas a cada um deles votassem em mim, seriam quase 60.000 votos! Isso mostraria a todos a força de resistência da nossa classe, como outras classes conseguem mostrar. Só que a resposta foi outra... Tem gente que preferiu votar em mentiras, em caras, em bundas, em ídolos de outros setores, em palhaçadas, em bandidagem e em branco e nulo.

Assim como todos, eu também tenho o direito de fazer escolhas. E, neste trecho, falo especialmente aos cedaeanos que sempre me apoiaram como representante de nossos interesses no parlamento. Agora, chegou a hora de cuidar mais de mim, de minha vida particular e profissional, de ter maior disponibilidade para atuar no saneamento, de colocar um limite, não em meu compromisso político, pois este é permanente no ser social que sou, mas para atuar politicamente há outros caminhos, além de ser candidato. Como cedaeano, a cada eleição perco benefícios que serão importantes para meu futuro e de minha família e adio minha aposentadoria. Sei que quem se candidata “paga um preço”, mas está ficando “muito caro”. Além destas perdas, ficam as pendências jurídicas, eleitorais, financeiras... e, ainda, os enfrentamentos morais.
É possível que nem todos saibam, pois não seria eu a “dar asas a cobra”, mas entre os incômodos que vivi durante a campanha, tive de ver meu nome associado a passagens esdrúxulas.
Teve quem se desse ao trabalho de, dentro de espaços da CEDAE tentar divulgar inverdades, me vinculando a pessoas e instituições que são meus desafetos, com certeza. E o pior é saber que houve quem acreditasse...
No mundo virtual, em um espaço de alguém a quem sempre fui leal e apoiei, ao menos enquanto sua postura política era a expressão de meu ideário, fui colocado como alguém vendido à fraude, a serviço do crime, em papel praticamente oposto ao que represento. E, o pior continua existindo: gente que achou que pudesse haver algum tipo de fundamento no boato plantado.

Continuo defendendo o que considero básico para a dignidade da população, o que minha trajetória política me ensinou a valorizar, mas é chegada a hora de outro “dar a cara pra bater” e eu sair da primeira linha do front, assumindo outras funções nessas lutas permanentes pelo que consideramos justo.
Quem me acompanha sabe que isso não tem a ver especialmente com esta eleição, mas com um conjunto de fatores.
Assim, como disse um amigo, nós não fomos eleitos, mas isso não quer dizer que tenhamos perdido; ao contrário, fomos vitoriosos, pois ganhamos a certeza de que não somos poucos, que ainda existe lucidez e bom senso, que há uma parcela da população que é politizada e que sabe sobre a seriedade que é definir os destinos da população. (Aqui estão incluídos alguns candidatos eleitos, mas, principalmente, os que também defenderam consistentes propostas e que também ficaram fora do parlamento,)

Gostaria de demonstrar minha gratidão a cada eleitor através de um abraço, mas, como isto não é possível, deixo aqui meus maiores agradecimentos por toda a confiança depositada.
Sou pessoalmente grato àqueles que, além de seu próprio voto, empreenderam esforço e tempo de suas vidas particulares para buscar o apoio de outros eleitores, que nem me conheciam; pessoas que emprestaram sua palavra para defender meu nome, se comprometendo, como um avalista, demonstrando sua confiança na minha idoneidade na condução de nosso projeto político; isto inclui pessoas que me conhecem há muito tempo e novos amigos que ganhei - todos parceiros de ideais.
Além dos novos amigos, consolidei amizades já existentes e resgatei antigas relações; ouvi declarações de amor e confiança que não poderia imaginar; testemunhei depoimentos que deram maior significado às minhas crenças pessoais e políticas... Realmente, diante disso tudo, só posso me sentir vitorioso, ainda que não tenha me tornado parlamentar.
Muito grato sou a você que esteve no comitê, nos ‘bastidores’, nas ruas, nos encontros, nas reuniões, nos telefonemas e e-mails, dando força e fé a este empreendimento. Olhando pra trás, nós só temos do que nos orgulhar, pois, entramos e saímos deste processo com a maior dignidade.

Parabéns por sua participação política consciente!

O Brasil precisa de gente como a gente!

Valeu por tudo!

ALCIONE DUARTE

4 comentários:

Unknown disse...

Espero que o senhor continue lutando pela água e o meio amdiente

Ronaldo Cunha disse...

Sua participação nas ultimas eleições, foi diferente. A população em geral, encontrava-se desorientada com relação ao voto. Escandalos realacionados ao quadro político na região, fez com que os eleitores ficassem desanimados em ir as urnas, no entanto, a campanha de Alcione Duarte, ganhou uma essência diferente: "a esperança". Pessoas levantavam suas placas, quando caiam ao chão; brigavam e defendiam está candidatura com amor e devoção.
A palavra "Política", foi falada de maneira orgulhosa e otimista.
A Zona Oeste, estária mudando o quadro político e deixando de ser lembrada como um curral. Idosos e jovens testemunhando, não por promessas, e sim relatando fatos em suas reuniões. Lamentável ! Lamentável, não termos nas eleições de 2012 o legado conquistado em sua campanha de 2010. Apesar de não ser eleito, o que sentismos foi muito bom. Após a sua campanha não houve culpa !
A ressocialização e a luta pela água como direito de todos, ganhou além de você, mais 15.127 representantes que tinham apenas uma esperança: Alcione Duarte.
Pense nisso !

Vicente Portella disse...

"Fracassei em tudo o que tentei na vida. Tentei alfabetizar as crianças
brasileiras, não consegui. Tentei salvar os índios, não consegui. Tentei fazer

uma universidade séria e fracassei. Tentei fazer o Brasil desenvolver-se autonomamente e fracassei.

Mas os fracassos são minhas vitórias. Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu."(DARCY RIBEIRO)


"Lutar com palavras é a luta mais vã, entanto lutamos mal rompe a manhã." (Carlos Drumond de Andrade)


Meu companheiro Alcione,


Compreendo perfeitamente sua posição. A era da política sã, amparada em sentimentos coletivos, acabou para todos nós. Vivemos hoje no reino do toma lá da cá, onde os valores se resumem à conceitos de ordem financeira. Pessoas como nós, forjadas nas lutas de solidariedade e paixão política por povo e País, são consideradas dinossauros. Não há mais espaço na política, pelo menos por enquanto,para conceitos amplos que visem o benefício e a evolução da sociedade.


Dentro de nossa própria empresa nos tornamos seres perigosos exatamente por não nos adaptarmos à lógica corruptiva e individualista que atualmente define nossas instituições internas. Elementos menores, humana e politicamente, fazem o possível para nos condenar ao limbo, amedrontados pelo que representamos e pelo que trazemos na bagagem depois de tantos anos de luta.


Se te serve de consolo, posso te garantir que não haveria espaço neste momento também para nossos mestres. Se Valderido e Tião Lanterneiro, do ponto de vista sindical, ou Brizola, Darcy e Prestes, do ponto de vista político nacional, estivessem entre nós, também estariam sendo excluídos e sofreriam, com certeza, agressões de toda ordem.


Mas é bom que tenhamos em mente que tudo isso não passa de um momento, uma poeira insignificante na espiral do tempo.


O mais importante nesse momento é manter nossa capacidade de agir e formular soluções, pois a história é cíclica e certamente esse tempo negro, que nos remete à uma aristocracia inversa, há de passar. O futuro está logo ali e pode ser que ele precise do sentimento que carregamos conosco para resgatar a consciência perdida. Se isso ocorrer, precisaremos estar atentos, pois, mesmo que de maneira diferente, nossa luta continuará ocorrendo, amparada por nossa convicção.


Grande abraço


Vicente Portella

Unknown disse...

Companheiro e Amigo Alcione Duarte,
A política feita de forma digna, é uma das maiores artes realizadas pelo homem e você tem dedicado o melhor de sua arte para a nossa CEDAE. Principalmente nos momentos mais difíceis te encontramos na briga pelo sucesso da empresa e por uma melhor qualidade de vida para nosso trabalhador.
Fraterno Abraço
Evaldo Valladão